segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pêras ao vinho tinto para fixar na memória

Como disse aí em baixo este blogue vive da minha própria vida, dos meus humores e da minha disponibilidade. Todos, ou quase todos, os dias cozinho mas nem todos os dias tenho tempo e vontade de fotografar, contar, relatar. Noutros falha-me a luz e às vezes escorregam-me os textos. O blogue serve também como o meu livro de receitas virtual, um sítio ao qual possa recorrer e ter as receitas ao meu dispor. Hoje é uma dessas situações: escrever e registar depressa antes que a memória me falhe, os pormenores, as quantidades, e como correu bem, partilhar. 

Pêras ao vinho tinto

Ingredientes
10 pêras médias
7,5 dl de vinho tinto
3 dl de água
2 dl de Vinho do Porto
175 g de açúcar amarelo
3 paus de canela
2 cascas de lima
Pimenta da Jamaica em grão a gosto

Preparação
Num tacho largo, deitar o vinho tinto, o Vinho do Porto, a água, o açúcar, as cascas de lima, a canela e a pimenta da Jamaica.
Descascar as pêra, deixar o pedúnculo e caso seja necessário, cortar um pouco a base para ter uma base de sustentação. Deitar no tacho e deixar ferver até que as pêras estejam cozidas (cerca de meia hora) e a calda espessa. Durante a cozedura, virar as pêras para que fiquem cozidas por igual.






Nota: a qualidade do vinho tinto é fundamental. Usei um alentejano de qualidade média. 

domingo, 28 de setembro de 2014

Blogs que adoramos 2014

Esta é uma cozinha discreta sem data específica de publicações e muito à mercê dos humores de quem está no fogão mas, ao que parece, despertou a atenção do Petiscos. Estamos agora aqui também e agradeço muito a nomeação. 

sábado, 27 de setembro de 2014

Biscotti de alfarroba com pistachios e arandos

Os meus dias de Algarve são dias de arrumar anos, anos lectivos mais ou menos pesados mas que me deixam invariavelmente cansada. Depois da exaustão nada me sabe melhor do que uns dias a Sul. Nesses dias entrego-me ao que mais gosto: sol, calor, praia, noites quentes, peixe quase todos os dias e para coroar esses momentos de pura evasão permito-me de vez um quando um doce algarvio. Como se sabe tudo têm de calórico: muitos ovos, muita amêndoa, algum açúcar, figos secos. São uma infinitude de pecado, mas como quase todos os pecados são bons, deliciosos e uma verdadeira tentação. Entre os meus preferidos conta-se uma delícia algarvia, uma tarte com alfarroba, amêndoa e figo. E quando há feira no largo da cidade delicio-me com as pequenas iguarias caseiras em perfeita união com as noites de estio.  A receita de hoje é um cruzamento entre um original italiano e um ingrediente tipicamente algarvio, a alfarroba. Um casamento muito feliz.

Biscotti de alfarroba com pistachios e arandos

Ingredientes
225 g de farinha de trigo
175 g de açúcar amarelo
25 g de farinha de alfarroba
1 colher de chá de fermento
125 g de pistachios descascados e picados grosseiramente
150 g de arandos secos
Raspa de uma lima
3 ovos

Preparação
Pré-aquecer o forno a 180º.
Descascar e picar os pistachios. Picar grosseiramente os arandos. Reservar.
Num recipiente juntar as farinhas, o açúcar, o fermento e a raspa de lima. Bater os ovos e adicioná-los por partes ao preparado dos ingredientes secos. Bater a cada adição. Deitar os pistachios e os arandos e amassar com as mãos. Tranferir para uma superfície enfarinhada e amassar até ficar uma massa uniforme. Juntar mais farinha, se for necessário. Dividir a massa em duas partes, formar dois pequenos troncos e levar ao forno num tabuleiro com papel vegetal antiaderente 25 minutos. Passados os 25 minutos retirar do forno, deixar arrefecer levemente e cortar fatias com uma faca de serrilha. Levar outra vez ao forno com a parte cortada para cima cerca de 15 minutos.






Esta receita foi inspirada na do Célio do delicioso Sweet Gula. Correu mesmo bem. Repetirei com outras variações.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Uma receita mil vezes repetida nuns palmiers de farinheira

Estão a ver aquelas pessoas que gostam de muito de se ouvir? Aquelas que depois de tudo ter sido dito continuam a querer dizer algo só pelo prazer de verbalizar, de ouvir ecoar a sua voz como se trouxessem ao mundo o mais importante dos contributos? Que depois de tudo dito querem acrescentar algo mais, redundante e desnecessário? A receita que hoje trago é exactamente assim. Não é original minha, já a vi em inúmeros blogues noutras variações mas gosto tanto dela e do resultado, do prazer que provoca nos comensais, da combinação da massa crocante com o sabor inquietante da farinheira que venho aqui replicá-la, um bocadinho como aqueles que gostam de se ouvir. Já toda a gente disse tudo e muitos terão experimentado os palmiers, mas dispensem-me uns minutos nesta deliciosa e simplicíssima receita. A descoberta que afinal também nós somos capazes de fazer algo é sempre motivo de partilha.

Palmiers de farinheira

Ingredientes
1 base rectangular de massa folhada
1 farinheira

Preparação
Pré-aquecer o forno a 200º. Tirar a pela da farinheira, estender a base da massa folhada e espalhar a farinheira sobre a base. Pode usar-se uma espátula ou esfarelar com as mãos, dependendo da consistência do enchido. Enrolar a massa até meio, virar depois a parte não enrolada para nós e proceder da mesma forma, enrolando o restante até encontrar a outra parte. Embrulhar em papel vegetal e levar dez minutos ao frigorífico. Retirar, findo o tempo de espera, e, com um faca, cortar em fatias da espessura de um dedo. Levar ao forno e retirar quando estiverem dourados. Simples e bom.




E para variar da farinheira a imaginação é o limite. Já fiz com pasta de azeitona, atum, mas estes são sempre aclamados por unanimidade.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Bolo invertido de pêra para comemorar Setembro

Gosto de Setembro. É um dos meus meses preferidos, logo a seguir a Maio e Junho. Gosto de algum recolhimento, gosto das cores e dos pores-do-sol, gosto do cheiro de Setembro e da luz de fim de dia. Setembro marca inícios, marca fins também, mas um fim contém sempre um início, aprendizagens várias com lágrimas e sorrisos. Há uma esperança tonta em Setembro. No meu Setembro cabem sonhos.

Bolo invertido de pêras

Ingredientes

Para o caramelo
75g de manteiga
125g de açúcar amarelo

Para o bolo
4 ovos
100ml de óleo
175g de açúcar
150g de farinha
2 colheres de chá de canela
1 colher de chá de fermento
1 pêra ralada
4 pêras descascadas e cortadas em oitavos

Preparação
Pré-aquecer o forno a 180º.
Numa frigideira anti-aderente e que possa ir ao forno derreter a manteiga. Juntar o açúcar amarelo e caramelizar um pouco sem mexer. Continuar em lume brando e deitar as pêras cortadas. Desligar o lume e reservar.

Para o bolo, juntar num recipiente os ingredientes secos, a farinha, o açúcar, a canela e o fermento. Num outro, bater os ovos e o óleo com uma vara de arames, juntar por fim a pêra ralada. Adicionar aos ingredientes secos e envolver tudo. Usei na mesma a vara de arames. Deitar a massa cuidadosamente na frigideira sobre as pêras e o açúcar caramelizado e levar ao forno cerca de 40 minutos. Retirar do forno, deixar repousar cinco minutos e desenformar. 
Comer morno ou frio com crème fraiche ou simples. 




Para celebrar Setembro fiz o que já não fazia há tempos, um bolo de sabores e aromas de dizer adeus ao Verão.  Esta receita foi inspirada numa da Rachel Allen, embora com pequenas alterações: deixar caramelizar levemente o açúcar e a manteiga e omiti a raspa de laranja. Para a próxima porei apenas uma colher de chá de canela. As pêras são biológicas, vieram directamente da mão do meu sogro cá para casa e este bolo surgiu também na necessidade de as usar. É de confecção muito fácil.